quarta-feira, abril 30, 2003

MÚSICO-PSICO-TERAPIA:

Quando a intensão de gerar algo viceralmente pessoal
toma forma de uma nota, ruído, palavras ou gritos,
quando a expressão vence o sentimento,
quando os detalhes passam despercebidos,
quando colam os auto falantes no ouvido,
quando é indecifrável o meu rabisco,
quando continuo um pensamento congelado,
quando a letra não se encaixa,
quando o final não tem graça,
quando o experimentalismo não chega a lugar nenhum,
quando a escala é repetida,
quando se nega o previsível,
quando a melodia é intrusa,
quando música te arrepia, te cura, contagia,
quando a caneta ou o gravador não está por perto
e a melhor idéia se perde, se embaralha,
quando o arranjo do problema, a rima do poema,
o complemento escondido,
quando está tudo desafinado,
quando o show está lotado,
quando arrebenta a corda da guitarra,
quando o acordoamento é novinho,
quando dá choque no microfone,
quando "tem" retorno,
quando a bateria anda pelo palco,
quando cantam tudo errado,
quando pulam ao seu lado,
quando o ouvido fica apitando depois do ensaio,
quando você acha uma palheta no bolso,
quando aumentam o volume,
quando o amplificador não te aguenta,
quando a sua música é referência,
quando valorizam o seu trabalho,
quando te mandam trabalhar,
quando te falam que o seu tempo esgotou,
quando você tem que pagar pra tocar,
"quando" te pagam,
quando reconhecem e te respeitam,
quando te agradeçem pelo momento,
quando a dissonãncia encomoda,
quando notam a diferença,
quando vem a interferência.
Quando a Música Me Orienta!


Philippe

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